sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O QUE ESCOLHER?


Não tenho escrito muito nos últimos tempos, mas estudando o Livro de J.C.Ryle – “Meditações no Evangelho de João”, pude notar uma matéria de suma importância para os nossos dias. Dias em que muitos na igreja tem se achado dotados de dons e talentos, quando na verdade não tem relacionamento com Aquele que distribui dons aos homens.

João 1. 19-27

Esse foi o testemunho de João, quando os judeus de Jerusalém enviaram sacerdotes e levitas para lhe perguntarem quem ele era. Ele confessou e não negou; declarou abertamente: "Não sou o Cristo". Perguntaram-lhe: "E então, quem é você? É Elias?" Ele disse: "Não sou". "É o Profeta?" Ele respondeu: "Não".
Finalmente perguntaram: "Quem é você? Dê-nos uma resposta, para que a levemos àqueles que nos enviaram. Que diz você acerca de si próprio?"
João respondeu com as palavras do profeta Isaías: "Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o Senhor’ ". Alguns fariseus que tinham sido enviados interrogaram-no: "Então, por que você batiza, se não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?" Respondeu João: "Eu batizo com água, mas entre vocês está alguém que vocês não conhecem. Ele é aquele que vem depois de mim, cujas correias das sandálias não sou digno de desamarrar".

Podemos ver na vida de João uma profunda consciência de quem era, de sua posição no plano de Deus e de seu dever de cumprir o propósito para o qual foi criado. Mas observamos também que, ao assumir sobre si a profecia de Isaias (40.3), não o fez com orgulho ou satisfação pessoal por ser o precursor do Salvador. E, sim, como quem reconhece que seu propósito é preparar o caminho para alguém Maior do que ele.

Mateus 3.4 e Marcos 1.6 nos dizem que o João vestia-se com pêlos de camelo e cinto de couro, e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre, o que, na analise mais simples, denota que toda a vida de João é preenchida por um profundo desinteresse pelas coisas comuns, e Lc. 1.80 diz de um olhar focado em um único objetivo, pois depois de Zacarias, seu pai, ter profetizado a seu respeito ele cresce e vai para o deserto até o momento que pode, pela vontade de Deus, ser manifestado a Israel. Ao ser manifestado publicamente seu discurso era “Arrependam-se, pois é chegado o Reino de Deus” (Mt.3.2), ele não disse: Cuidado, eu sou aquele que Isaías profetizou”, mas disse: “Mudem a direção da vida de vocês; parem de seguir seus objetivos egoístas e prestem a atenção, o Reino está chegando, andem em direção a ele”, pois isso é arrependimento.

A palavra “Endireitai”, empregada no texto, significa colocar em linha reta, nivelar, ou seja, falar sem rodeios, mas ir direto ao objetivo, ser verdadeiro e justo.

João cumpriu com este requisito, foi objetivo, “arrependam-se”. No entanto, por que agiu assim, por que não recebeu a gloria de se declarar como o Elias que havia de vir? Foram suas roupas ou alimentação? Não, ele apenas não era apegado a nada, mas João tinha para si claro que havia Alguém maior do que ele, que ele era apenas uma voz. “Não quero ser maior do que o Plano de Deus, nem quero trazer para mim algo que não pertença a mim, apenas a Deus; me recuso a dizer que eu tenho o dom da Palavra ou de milagres, ou que batizo e por isso sou importante, há Alguém maior do que eu, vou preparar o caminho para Aquele que é maior do que eu, vou diminuir, para ele crescer, porque Ele é maior do que eu. Tudo isso estava na frase de João e podemos perceber.

E o interessante é que mais tarde em Mt. 11.11a, Jesus diz a respeito de João: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista. O que me faz lembrar de alguns versos das Escrituras:

Provérbios 27.2

Que outros façam elogios a você, não a sua própria boca; outras pessoas, não os seus próprios lábios.

E, Mateus 6.1-6

"Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial. "Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará". "E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará.

Não sou Elias, ou um Grande Oráculo, não tenho mãos, chapéus, ou outra coisa ungida, sou uma voz clamando que “O Messias está aí, está entre vós, e vocês não percebem isso. Conseguem acreditar que eu sou Ele, porque veem alguma característica, neste rascunho, mas não reconhecem a Matriz, o original”

Sabe irmãos precisamos buscar a Humildade.

Humildade, da raiz humos, da terra. Saber o que realmente se é, a substância do que se é feito.

Necessitamos urgentemente parar de achar que somos algo, e termos consciência de que sem Aquele que realmente é, somos menos do que nada. O fato de sermos usados por Deus não significa que somos importantes ou sobrenaturais, ou ainda que estamos acima de alguém em mérito. Cristo é maior do que nós, Ele nos concede dons para serem usados conforme Sua vontade, mas pode reivindicá-los de volta se quiser. O próprio texto de Mt.11.11, diz que O Reino de Deus é maior que João.

J.C. Ryle diz:

“Nunca sentiremos tanto a necessidade de humildade quanto no dia em que estivermos no leito de morte ou diante do Trono de Cristo, para o julgamento. Então nossa vida se parecerá com uma grande lista de imperfeições; nós mesmos seremos nada, mas Cristo será tudo”.

Em contra partida os fariseus, em seu orgulho, não conseguiam aceitar o verdadeiro Messias, não O reconheciam, não acreditavam Nele. Rm. 2.17-24, mostra que os fariseus se orgulhavam de conhecer e instruir, contudo não viviam o que ensinavam, não eram autênticos, mas seu orgulho não os permitia ver isso. E, por isso, desonravam a Deus.

Tem visto, hoje, uma igreja inchada e dormente, anestesiada, ainda que ouçam a verdade, pois no meio de tantos lobos ainda há homens fieis. Mas me parece que esta igreja não quer a verdade. Estuda-se e ensina-se a Palavra do Deus que não pode mentir, mas vejo muitos, em todas as partes, que querem um Rei que lhes dê pão, mas não que lhes dirija os passos. Orgulhosos por pertenceram a um reino, e não serem cauda, e sim cabeça, mas impossibilitados de enxergar que só somos embaixadores se seguimos as ordens do País que está sobre nós.

A humildade nos remete a Cristo e nos ensina a viver como verdadeiros filhos de Deus, o orgulho nos faz viver como queremos, achando que somos filhos de Deus. A humildade reconhece que Cristo é maior do que eu; submetesse e vive sob Seu comando e para cumprir seu desejo. O orgulho nos faz pensar e agir como se fossemos algo, mas não sendo nada.

Talvez você me diga: “Eu já sei tudo isso, não é nada novo para mim”. E eu te repondo. Sei disso, e não tenho a pretensão de falar nada novo, pois: “Não há nada novo debaixo do sol” (Ec. 1.9).

Mas meu apelo é reflita como você tem vivido, e, "se necessário", escolha arrepender-se. 

I Pedro 5.5 “Cinja-se de toda a humildade”

Com amor

Luciano Spilborghs